The First Berserker: Khazan
- PS Talks Blog
- há 2 dias
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O subgênero “Souls-like” evoluiu muito desde que os primeiros jogos tentaram copiar a fórmula de sucesso da From Software. O que antes era apenas uma tentativa de emular o que deu certo, agora é um leque bem maior de possibilidades e ideias que separam um jogo do outro. Um dos jogos mais importantes para essa evolução foi Nioh, que pegou a base estabelecida, mas colocou em uma estrutura bem diferente, com foco maior em loot e missões acessadas por um menu em vez de um mapa todo conectado.
Todo esse contexto é importante aqui, pois Khazan é totalmente inspirado por Nioh, expandindo ainda mais esse galho dentro do subgênero que até dá para chamar de “Nioh-like”. Chamar esse jogo de “Nioh de fantasia medieval” não é incorreto e nem encaro como insulto, na verdade mostra sua competência em conseguir entregar um jogo que consegue em muitos aspectos ficar em pé de igualdade com sua fonte de inspiração. Mas vamos por partes.

The First Berserker Khazan é um jogo de ação em terceira pessoa onde acompanhamos a jornada de vingança do ex-general Khazan contra o imperador do reino, que o acusou falsamente de traição. Ao ser levado para execução ele é dominado pelo espírito da espada, um ser que vai o ajudar a cumprir seu objetivo em troca de seu corpo para seus próprios fins.
O jogo é bem direto no jeito que conta a sua história, e apesar de não ser nada impressionante, cumpre seu papel de dar contexto à ação, e tem alguns momentos interessantes, mas nunca vai além, e nem diria que é preciso, pois aqui o foco é outro. A estrutura do jogo também é direta, você escolhe a missão a partir do HUB, e ao entrar na fase ela funciona como um mapa padrão de Souls-like, tem os checkpoints onde você pode subir de level e usar fast travel, e os mapas são cheios de segredos e atalhos. No geral ele é bem competente nisso, o jogo conta com uma boa variedade de inimigos também que faz a jornada de 40 horas não ficar cansativa.

Visualmente o jogo é bem bonito, o estilo gráfico dele é distinto e casa muito bem com o mundo do jogo, infelizmente a parte artística poderia ser mais inspirada, principalmente nos cenários, parece que todo o foco foi no visual dos bosses, que são excelentes, mas o mundo em si se mistura na sua mente após terminar determinada área, e fica o sentimento de que podiam ter sido mais criativos nesse aspecto.
O combate é o ponto mais forte do jogo, apesar de vários problemas, no geral é bem sólido, prazeroso e responsivo, mas acredito que o jeito que o jogo trata estamina bem irritante. É restritivo de um jeito frustrante. O jogo pede que você seja reativo e rápido mas suas ações são limitadas pela estamina. No decorrer do game isso melhora, principalmente se você focar nos status que melhoraram o tamanho da barra e regeneração.
Outro ponto negativo é a variedade de armas. Ao total são três tipos: espadas duplas, lança e espada grande, cada uma é bem complexa, com muitos movimentos e várias opções na árvore de habilidades, mas mesmo assim ter só essas três limita muito as suas opções. Só consegui gostar de jogar com a lança após testar todas, e fui com ela até o final.
As habilidades que mencionei ajudam a ter uma gama maior de opções, atribuindo ataques especiais que você usa gastando um ponto de ação, que é carregado de várias formas, atacando, levando dano, dando esquivas e defesas perfeitas. Esse é o cerne do combate. Reagir aos ataques dos inimigos, seja esquivando ou dando parry, os dois são viáveis, apesar de que há bosses que mesmo dando parry a barra de status negativo sobe, fogo, caos e veneno são alguns dos exemplos, então é bom se acostumar a usar tudo ao seu dispor e não depender apenas de um jeito de jogar.
Há também ataques inimigos que são indefensáveis, nesse momento você terá que usar um contragolpe no momento exato (basicamente um mikiri counter de Sekiro), e isso causa muito dano na barra de estamina do inimigo, barra essa que vira seu alvo durante as lutas. Ao zerar a barra do inimigo ele fica exposto a um ataque crítico, e isso é muito importante principalmente nos bosses, mas é bom tomar cuidado com a sua estamina pois você também pode ficar exposto.

E falando dos chefes, são todos no mínimo bons, não é uma seleção muito grande, mas focaram na qualidade, todos visualmente muito interessantes e as lutas são bem difíceis, te fazendo aprender a jogar e decorar seus movimentos e saber como reagir a cada ataque. É aquele ritual já conhecido em jogos do gênero, no começo a luta parece impossível, mas quando você finalmente entende a luta você percebe que com persistência dá para passar.
Um ponto importante no jogo é saber como usar os equipamentos de maneira certa, e sempre fazer sinergias entre os tipos de armaduras e armas, vendo o peso, status e defesa, ele usa aquele sistema de loot onde o mesmo item pode aparecer em todos os níveis e com atributos distintos, então é sempre bom ir alterando conforme você avança, mas se tem uma peça de equipamento que você não quer mudar tem como ir subindo o nível deles para acompanhar o seu. Crafting também é muito importante, e a maioria dos materiais você encontra nos mapas e desmancha seus equipamentos no ferreiro, no geral não é um sistema que agrada todo mundo, mas não acho que atrapalha.
No fim, The First Berserker: Khazan é um jogo de ação muito bom, que peca na falta de novas ideias em um gênero tão saturado, mas suas inspirações em Nioh fazem dele um jogo que vale seu tempo. Tem um grande foco na dificuldade para quem aprecia isso nesses jogos, mas também conta com um modo fácil para quem quer simplesmente ver a história, tem um sistema de combate muito robusto e lutas impressionantes, e seus problemas como a falta de armas podem ser aliviados em possíveis expansões. É um jogo sólido, bem polido e que vai impressionar muitas pessoas.

Análise escrita por @Ceythian (Gustavo)
A cópia do jogo foi cedida pela NEXON