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Foto do escritorMurilo (@Murilo_Valim)

Somerville - Análise

Atualizado: 15 de dez. de 2023

"Dos criadores de..."

Sim, Somerville é mais um daqueles jogos que são vendidos aproveitando a bagagem de seus criadores. E dessa vez a tarefa era grande, já que o jogo, desenvolvido pela Jumpship, foi coordenado por Dino Patti, diretor executivo de Inside, um dos mais aclamados indies da indústria. O jogo conta a história de uma família que tenta sobreviver durante uma invasão alienígena que se apresenta de forma bem original e intrigante, podendo ser comparada a outras invasões famosas, principalmente do cinema.


Logo de cara já é bem fácil perceber similaridades com Inside. Até a paleta de cores faz referência, mesmo tendo aqui elementos um pouco mais vibrantes. O jogo tem uma identidade visual muito interessante, principalmente nos cenários mais abertos, onde brilha demais com a ambientação pós invasão.

Você controla o pai de uma família que busca entender o que aconteceu com sua esposa e filho durante a invasão, já que eles desapareceram. O charmoso cachorrinho da família vai te acompanhar enquanto você busca respostas. O início da jornada, apesar de te oferecer um poder após um dos acontecimentos iniciais, se apresenta de forma mais contida, então rapidamente eu fiquei interessado, já que eu amo essa pegada mais pé no chão nesse tipo de proposta. Rapidamente você vai estar explorando o mundo e com várias perguntas na cabeça.


As mecânicas de gameplay são apresentadas de forma muito mais leve do que em Inside e Limbo, por exemplo. Dificilmente alguém vai ficar preso em algum puzzle durante a jornada, mas isso não significa que são ruins. Eles te fazem pensar, apesar da resposta quase sempre se apresentar de forma bem rápida. A exploração é dividida entre momentos de stealth, puzzles e perseguições, mas não deixa de oferecer alguns momentos mais contemplativos pra quem gosta.

Gameplay


Falando em gameplay, pra mim é de longe o ponto mais fraco do jogo. A lentidão do protagonista, mesmo que proposital, te faz sentir angústia em alguns momentos. Você só quer carregar um cabo até o local correto para resolver o puzzle e avançar, mas isso demora mais do que deveria por conta dessa movimentação terrível. Em alguns momentos de mais exploração e com tomadas mais abertas ela até funciona, mas no geral pode deixar a experiência bem mais maçante. Sorte que a jornada leva aproximadamente 3 horas para se concluir, isso já contando todos os finais. Sim, temos alguns finais e eu recomendo que você experimente todos.


Além da movimentação, os comandos não são tão precisos, então quando você se aproxima de um objeto, quase sempre indicado pela cor amarela, além de lento, o personagem precisa estar em uma posição específica para que o comando seja acionado. É sério, esse jogo poderia ser muito melhor com pequenos ajustes de gameplay. Acredite em mim, a duração realmente o salva de problemas muito maiores.


Arte


Por sorte, a belíssima direção de arte muitas vezes te faz esquecer dos problemas. Eu cruzei alguns dos cenários mais legais que já vi em obras do gênero. Destaque para as tomadas mais distantes que lembram muito o trabalho de Denis Villeneuve, um dos meus diretores favoritos do cinema. O trabalho de câmera também é interessante, com variações de proximidade de acordo com o local explorado. Isso funciona quase 100% das vezes e enriquece a travessia daquele mundo. Eu adoraria ver o trabalho artístico desse jogo sendo utilizado em trabalhos futuros do estúdio. Se você é fã de ficção científica e de tudo que ela proporciona visualmente, existe algo bem legal pra você aqui.

O jogo oferece dois modos, performance e gráfico. Fui direto para o modo gráfico, já que o desempenho não faz a mínima diferença aqui. O jogo não exige isso em momento algum. Todas as cenas de perseguição, onde a ação acontece, são basicamente focadas em correria - isso não é uma crítica - e funcionam perfeitamente nesse modo focado no visual.


A história do jogo é extremamente corajosa. Muita coisa precisa ser interpretada pelo jogador e eu não poderia gostar mais disso. É comum que a gente veja reclamações sobre obras que não apresentam uma história completamente mastigada e eu discordo muito. A nossa mente faz parte da magia. Nosso repertório, capaz que tapar as lacunas cuidadosamente deixadas, fazem da experiência ainda mais única. Ao meu ver, é brilhante experienciar a mesma obra que outra pessoa e termos visões diferentes sobre ela. Entendimentos distintos. E nesse ponto, Somerville acerta demais. O desenrolar da história que não é só daquela família, mas do mundo inteiro, é provocativo e vai te fazer querer entender, com os vários finais, um pouco mais sobre o que está acontecendo.

Somerville é um ótimo passo para quem já trabalhou em Inside e busca um novo acerto daquele tamanho. Ele é mais enxuto e menos rico do que os seus... "Antecessores espirituais", mas não deixa de ser corajoso. Ele falha mais, mas traz amostras da genialidade vista anteriormente nos jogos citados. Em um balanço entre o que ele entrega de bom e os erros que comete, o resultado é bastante positivo. O jogo mostra que em 3 horinhas é possível contar uma grande história. E se você se interessa por obras sci-fi que já nos primeiros minutos te fazem fixar os olhos na tela e querer desvendar o que está acontecendo, além de te fazer lembrar de grandes produções do cinema, Somerville definitivamente é pra você.



Análise feita por @Murilo_Valim

A cópia do jogo foi gentilmente cedida para análise pelo estúdio Jumpship

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